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Como o burnout pode afetar a inovação?

Saúde mental e burnout são assuntos que têm ganhado cada vez mais palco nas discussões e dado sua relevância, nunca mais irá parar de ser pesquisado e comentado. 

Não precisamos ter uma formação avançada para compreender a dimensão da importância de cuidarmos da nossa saúde mental, basta lembrarmos de uma célebre frase do poeta romano Juvenal que diz: “Mens sana in corpore sano”, traduzindo para o português “Mente sã em corpo são”.

Com a pandemia do COVID-19, fomos inseridos em um contexto totalmente atípico. Muitos de nós não estávamos preparados para o home office, ao isolamento social e uma série de outras catástrofes acontecendo em massa sem que nós pudéssemos fazer algo para resolvê-las. 

Em consequência, uma série de questões psicológicas começaram a se tornar mais frequentes nos indivíduos, dentro das mais comuns: depressão, ansiedade, crise do pânico, é uma das que tem ganhado mais força nos últimos tempos: o burnout.

De acordo com uma pesquisa realizada, em 2017, pela ISMA (International Stress Management Association), a síndrome já afetava cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros, como já citamos, com a pandemia esse número cresceu ainda mais. E é por isso que queremos bater um papo com vocês sobre o assunto.

 O QUE É BURNOUT?

Como o burnout afetar a inovação?
Representação de uma cena típica para quem sofre com burnout. Fonte: Hcor

Drauzio Varella definiu como: “um distúrbio psíquico caracterizado pelo estado de tensão emocional e estresse provocados por condições de trabalho desgastantes”.

A síndrome, apesar de ter se tornado mais evidente com a pandemia, foi descrita pela primeira vez por Freudenberger, um médico americano, em 1974. 

É a partir desse distúrbio psíquico que tanto nossa mente, quanto o nosso corpo começam a ter dificuldade de realizar atividades que normalmente faríamos, pois estamos envoltos dessa tensão emocional e estresse que prejudica nossa capacidade de tomar decisões, criar soluções ou de sermos otimistas em relação a dias melhores.

AGORA A SÍNDROME É RECONHECIDA PELA OMS

Em 1 de janeiro de 2022, o Burnout passou a ser reconhecido como uma doença ocupacional, ou seja, decorre do exercício da atividade profissional do indivíduo, pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Algo de extrema relevância, uma vez que através do reconhecimento de uma doença a prevenção e o tratamento também se tornam algo melhores direcionados.

O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) publicou que, desde quando 8,2 milhões de pessoas adotaram o home office devido a pandemia do COVID – 19, de fato houve uma explosão de casos envolvendo a saúde mental dos trabalhadores, isso por que, apesar de já existirem pessoas que trabalhassem no home office ou híbrido, estamos inserido em um contexto mais sensível e estressante.

Além disso, uma parcela considerável nunca havia trabalhado no modelo remoto, pela falta de experiência com esse formato de trabalho, fraquezas como: longas jornadas de trabalho, mistura da vida pessoal e profissional, queda na qualidade do sono, má distribuição de demandas; tudo isso favoreceu consideravelmente para que essas questões quanto a saúde mental aumentassem consideravelmente.

QUAIS SÃO OS SINTOMAS DO BURNOUT?

Identificar se você está com a síndrome é extremamente difícil, pois seus sintomas se confundem com os de outros distúrbios, como depressão e ansiedade. Por isso, é crucial que o diagnóstico não seja buscado através de uma simples busca na web e/ou realização de testes disponíveis em blogs. Apenas um profissional da área pode realizar o seu diagnóstico.

Dentre os sintomas mais comuns da síndrome então:

  • fadiga,
  • apatia
  • desânimo constantes, mesmo em períodos de descanso;
  • baixo rendimento no trabalho, 
  • irritabilidade
  • falta de concentração;
  • baixa autoestima, 
  • insônia, 
  • palpitações 
  • dores de cabeça;
  • lapsos de memória;
  • ansiedade;
  • depressão;
  • pessimismo
  • relacionamento distante com família e colegas;
  • sensação de estar sobrecarregado o tempo todo;
  • necessidade de medicamentos ou de bebida alcoólica para relaxar;
  • sensação de que não é recompensado no trabalho como deveria.

QUAL É A RELAÇÃO DO BURNOUT COM O EMPREENDEDORISMO E A INOVAÇÃO?

Para essa pergunta eu poderia apenas responder: “tem tudo a ver” e encerrar o texto por aqui, mas é preciso citar quais elementos tornam essa relação entre burnout, empreendedorismo e inovação tão conflituosa, que portanto, deve-se ser observada a fim da doença não afetar a jornada do empreendedor e o seu processo de inovação.

Primeiramente podemos tratar dos grupos. Quando falamos de empreendedorismo não estamos nos referindo apenas ao empreendedor que atua de forma autônoma, individual, nos referimos também a organização, com equipes/squads que estão sob uma gestão, certo?

As empresas são agentes do nosso ecossistema empreendedor e se mantêm no mercado através da atuação dos seus times internos. A mentalidade empreendedora e inovadora está dentro de cada colaborador que compõem essas organizações.

Gerir pessoas não é uma tarefa fácil, porém, é o que diferencia a saúde do seu negócio e os resultados que seus colaboradores te ajudarão a atingir.

Abordar sobre gestão nessa empreitada por compreender como o burnout afeta a inovação e empreendedorismo nos ajudará a entender que é a partir de como estabelecemos nossas relações de trabalho, que saberemos se o ambiente que estamos construindo se torna mais suscetível ou não para que nossos colaboradores desenvolvam a síndrome. 

OS 3 PRINCIPAIS FATORES QUE PROVOCAM BURNOUT NAS ORGANIZAÇÕES

Por exemplo, a partir de uma pesquisa realizada pelo Instituto Kronos, foram mapeados os três fatores principais que provocam o burnout nas organizações, são eles:

  • remuneração injusta (41%),
  • carga de trabalho excessiva (32%),
  • excesso de horas trabalhadas (32%),

Além desses, há também: gestão fraca, ambiente de trabalho negativo e funcionários que se sentem desconectados de sua função na empresa.

OUTROS FATORES QUE INFLUENCIAM

De acordo com o SEBRAE, a síndrome de burnout não possui preferência de um tipo de colaborador, por exemplo, aqueles que trabalham com criatividade como muitos imaginam. Além disso, expõe mais fatores que influenciam o surgimento da síndrome:

  • realização frequente de atividades em situação ou local de risco, que demandam cuidados extras para a própria proteção;
  • constante desvalorização por parte da equipe e, em especial, dos supervisores;
  • ambiente de trabalho sem os equipamentos, materiais e acessórios necessários para as atividades do profissional, especialmente aquelas feitas de modo repetitivo e em grande volume.

Isso me trouxe a seguinte reflexão: o burnout sem dúvida é um problema sério, porém, o verdadeiro vilão é o que tem desencadeado essa síndrome nos colaboradores. 

Independentemente dos outros fatores que podemos levantar para essa situação, a gestão sempre estará no palco da conversa dado que é por meio dela que o trabalho é estabelecido, conduzido e avaliado. 

CENÁRIO DESAFIADOR

Empreender por si só é extremamente desafiador, principalmente pelas diversas barreiras que encontramos em nosso país, e quando não há um bom direcionamento nas decisões tomadas na gestão, isso acaba por afetar quem depende dessa liderança.

Além disso, como já mencionei, você não precisa abrir seu próprio negócio para ser um empreendedor, há o intraempreendedor, aquele que leva inovação para dentro da organização que atua. E inovar exige muito do nosso pensamento criativo, da nossa energia e tempo.

Uma vez que o colaborador esteja apresentando sintomas de burnout, como se espera que o mesmo consiga propor soluções disruptivas se ele sequer está bem?

A CULTURA IMPORTA!

Culturas saudáveis fortalecem um ambiente propício à inovação, onde seus colaboradores possuem autonomia, confiança, apoio, etc. E será através da liderança que está atuando na gestão desses times que essa cultura saudável poderá ser mantida.

Quando passamos a analisar o empreendedor isoladamente, sendo mais específico: o pequeno empreendedor, a situação é ainda pior, pois raramente ele possui uma rede de apoio para tratar das questões psicológicas e emocionais, além de precisar lidar com uma série de outros desafios para manter o seu negócio.

Essa concentração de várias atividades, e extensas jornadas de trabalho ao longo dos dias para que ele consiga dar conta de tudo o que precisa fazer, são os principais causadores de burnout nesses empreendedores.

EMPREENDER E INOVAR DÓI!

Portanto, ao contrário do que muitos pensam, empreender e inovar não é um mar de rosas, há a parte boa, mas também há a parte difícil que pode desencadear em questões como a síndrome que estamos conversando.

Vale ressaltar que uma vez identificada, tratada e curada, se não forem mantidos os mesmos cuidados adotados ao longo do tratamento, a síndrome pode voltar.

Como as organizações podem ajudar seus membros a evitar o desenvolvimento da síndrome?

A primeira iniciativa que se espera das organizações, sejam elas empresas ou não, é o reconhecimento da síndrome e da sua gravidade. A partir disso, iniciativas como as que serão listadas a seguir serão de extrema relevância para evitar o desenvolvimento da síndrome:

  1. Crie um ambiente humanizado

Não somos máquinas, ninguém é de ferro, e o que há de mais valioso em nosso trabalho são nossas características humanas. Um ambiente colaborativo, encorajador, inspirador, trará mais resultados do que uma organização hostil, voltada à cobrança excessiva.

  1. Cumprir normas da medicina e segurança do trabalho

Mais do que o tratamento estabelecido entre os membros que compõem uma organização, há também os parâmetros de segurança em torno desse trabalho. Assim, estar dentro do que é exigido pelas normas da medicina e segurança do trabalho trará maior tranquilidade aos colaboradores.

  1. Estabelecer metas adequadas e realistas

Fazer o time trabalhar em prol de algo inalcançável e desgastante pode ser um tiro no pé pros resultados da sua organização e saúde dos times. As metas precisam ser desafiadoras, mas ao mesmo tempo, realistas. 

  1. Incentivar um bom relacionamento interpessoal

Um ambiente de trabalho saudável, baseia-se sobretudo em um local onde as relações humanas são genuínas. Incentivar uma cultura que se distancia da fofoca, competição, mentiras, conflitos de interesse, contribuirá para que conexões reais, pautadas na confiança se formem.

  1. Flexibilizar a jornada de trabalho

A pandemia nos ajudou a perceber mais sobre os benefícios da flexibilização da jornada de trabalho como um alinhado para o fortalecimento do bem-estar emocional dos colaboradores.

Hoje nós sabemos que aquilo que você faz, sentado, diante da tela de um computador, não necessariamente exige de você que você esteja presencialmente na empresa, o modelo home office, híbrido, work anywhere, são algumas das formas de flexibilizar essa jornada de trabalho, de modo a deixá-lo mais realista até mesmos com as necessidades dos membros da organização.

Essas são apenas algumas das iniciativas sugeridas para as organizações. Importante ressaltar que os colaboradores precisam ser ouvidos, somente assim cada organização conseguirá atingir o modelo de trabalho confortável a todos que considera as individualidades de cada um.

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